19 setembro, 2011

O meu último acordar


Acordei… com a sensação de ter despertado de um sonho que não havia sido dormido por mim. Abri os olhos, olhei em meu redor e senti-me desencontrado de mim próprio. Inspirei fundo, muito fundo e o ar entrou… mas julgo que noutro corpo, não o senti dentro do meu peito.

Acordei… mas numa estranha ausência me pressenti. Baixei o olhar, encontrei a meus pés farrapos de uma qualquer substância que não reconheci. E vi botões, muitos botões. Estavam espalhados pela estrada, por um caminho. Aliás, os botões pareciam ser o próprio caminho, longo, muito longo, a perder de vista.

Acordei… curioso, em dúvida, em perplexidade. Que caminho seria esse e o que faria eu ali!? Que local seria aquele!? Como havia lá chegado!? Mais, seria mesmo eu a marcar presença ali naquele exacto momento!? Talvez fosse um sonho, ou um pesadelo, já nada sabia. Voltei a sentar-me no mesmo banco que me servira de poiso. Voltei a adormecer… e regressei a um sono que não era o meu.

Acordei novamente… desta vez em sobressalto, tivera um sonho. Não, fora um pesadelo. Imaginara que vestia os farrapos que estavam caídos a meus pés, que os prendia uns aos outros com os botões do caminho. Afigurei que os farrapos e os botões eram coisas minhas, corpo e alma respectivamente. Durante o pesadelo caminhava por aquele caminho que afinal, em conluio com o sono, me queria levar de regresso ao início daquela minha viagem, daquela minha fuga instintiva.

Então, acordado e em frenesim, me livrei de todos os farrapos, de todos os botões daquele caminho medonho. Preferi permanecer, deixar-me ficar por ali, embora que perdido, mas numa paz imensa.

Estava acordado… e nesse exacto momento, decidi não mais adormecer… nem voltar ao meu pesadelo.

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